quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Ser Putrefacto


Arrasta essa alma voraz pelos escombros.
Infesta esse mundo com o cheiro acre,
Da escrupulência da vontade que te assombra,
Irradia o sabor amargo que escorre agora pela boca...

Caminha até mim, fiel moribundo!
Putrifica a arte que me lava o corpo.
Parte as garras que te rasgam
A pele desnuda e nauseabunda.

A seiva que te limpa o rosto,
É a mesma que te cobre.
És artista sem dono,
Deambulante ser em retorno.

Bebes o sangue pestilento
Das feridas que fazes.
Divagas entre mundos
Delirando por horrores...

Ergue-te criatura disforme
E esvazia o riso que ecoas.
Desliza em percurso sombrio
E procura rasto alheio...



sexta-feira, 22 de novembro de 2013



Caneta,
Caneta minha que me desabrochas o papel imaculado,
Que me esmiúças todos os meus pensamentos deambulantes
Que escorres os meus devaneios para versos.

É como se estivesse todo o meu cérebro ligado a ti,
Fluis com naturalidade,
Mas apenas quando os pensamentos são claros...
Claros como água limpa.
Claros contudo nem sempre racionais...

Que loucura esta que me leva a explodir,
De forma quase esquizofrénica quando estou à beira do ataque...
Não tenho bateria,
E nem sempre pachorra para fazer exercício.

É algo que por vezes deixo tomar conta da alma,
Ainda que raras sejam as vezes que assim o faça.
Danço descordenadamente!
Canto até ficar sem pulmões!
Como até obter ou nojo de mim ou uma consulação divina

É esta a minha desintoxicação.
Não é saudável para o coração,
Mas é a que arranjo
E a caneta é a minha cúmplice...
Aquela que sabe, aquela que desenha em palavras,
Aquilo que temo de dizer em voz alta.