quinta-feira, 6 de junho de 2013

Uma mão cheia de nada...



Eis que chega a um deserto,
a rapariga sem rosto.
Chega ao paradeiro dos moribundos...
Perdida da razão...

Nada vê!
Nada ouve!
Nada cheira!
Nada saboreia
E nada sente!

Caminha como morto-vivo,
Arrastando seu corpo inerte por poeiras sem fim.
Mete-se na fila junto de tantos outros moribundos sem rumo...
Monitorizados como de robots se tratassem
Todos em cadeia...

Frutos da falta da ousadia
Escravos da corrupção e do sistema
Em nada reagem ou agem por si mesmos
São cópias de cópias

E com um soar de um trovão
A chuva beija a areia ressequida
Aí a rapariga ganha rosto,
e o seu rosto ganha forma
as pupilas reagem a claridade

A rapariga olha deliciada com as pequenas gotas frescas
Olha em redor e quebra as correntes da mente que a prendem
Corre o quanto o seu corpo o consegue...
Mas continua perdida
Procura algo...

Caminha quilómetros
Desesperada por encontrar o que procura
E quando julgou perder toda a sua esperança avista
O que julga ter finalmente encontrado...
Um homem de olhar cristalino...

Volta de novo a correr,
Mais rápido que nunca,
Ansiosa por alcança-lo...

E quando se aproxima...Não há nada se não nada!!!
Desata a chorar e ajoelha-se...
Suas lágrimas projectam a imagem do homem que antes avistou...
Incrédula fita a imagem,
acabando esta por mostrar um coração humano...
As imagens reduzem-se a cinzas,
As lágrimas secam
E rapariga recomeça a caminhar em direção a sítio algum
Perdida do mundo,
perdida de si...

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